

Paleontólogos da Universidade do Texas desenterraram ontem, em um sítio perto de Monterrey, um fóssil do que parece ser a piada mais velha do mundo. Através da datação do carbono (i.e., usa-se papel carbono para descobrir quantas vezes a piada já foi copiada), descobriu-se que o fóssil deve ser do final do Período Cretáceo, há coisa de 65 milhões de anos. "Ela ainda está em bom estado de conservação", garantiu Joe Kerr McLaughin, chefe da equipe de paleontólogos. "Pelo menos a maioria da equipe riu. Exceto o estagiário, mas ele é de Nova Jersey, então tudo bem." Pela idade e localização, concluiu-se que a piada diz respeito ao imenso asteróide que caiu no que hoje é o Golfo do México, extinguindo os dinossauros e favorecendo o desenvolvimento dos mamíferos – mas McLaughin apressou-se a garantir que a piada não menciona que o meteoro, para os mamíferos, teria "caído do céu": "Ei, ela é velha mas não é manjada."
Em off, vários membros da equipe chegaram a supor que o fóssil seja de uma piada política. Alguns enxergaram nela uma anedota de esquerda. "Ela denuncia o laissez-faire que predominava no cosmos até então, sem uma regulação universal que impedisse meteoros de invadirem atmosferas", provocou um cientista que não se identificou. "Só podia gerar desigualdades catastróficas como essa." Houve, entretanto, quem visse no fóssil um chiste direitista. "Claro", alfinetou outro cientista que também não se identificou. "É uma alusão à interferência centralizadora do Universo, que não permitiu o livre-mercado dos grandes répteis e decretou arbitrariamente o fim deles". Mas McLaughin entrou na conversa e desfez a polêmica: "Pelos folículos encontrados no fóssil, vimos que se tratava de uma piada cabeluda, nada mais. Deixem de bate-boca e vão limpar a poeira dos seus crachás, porque a reportagem não está conseguindo identificar vocês."
O fóssil será encaminhado ao Departamento de Dissecação e Interpretação de Piadas da Universidade do Texas, onde se estabelecerá se ele é ou não o elo perdido entre as piadas da Era Mesozóica (que até amebas entendem) e da Cenozóica (que só amebas contam). "Isso mostra que as piadas que vemos hoje, na mídia impressa e televisiva, não acompanharam a evolução, e que o verdadeiro humor está nos blogs", afirmou o estagiário. Mas ele é de Nova Jersey e ninguém deu ouvidos.